Com a chegada do século XX, Vieira de Leiria torna-se protagonista de uma das mais singulares migrações internas que Portugal conheceu — a dos "Avieiros". Durante décadas, esta gente dividiu a sua vida entre o Verão em Vieira e o Inverno no Tejo. Mas chegou o dia em que deixaram de regressar durante o Verão. E para sempre ficaram ligados à história do Tejo.

Palhota e Escaroupim são duas aldeias Avieiras, localizadas em margens opostas do Rio Tejo, que persistem e se adaptam aos caprichos da sociedade e da Natureza. Feitas em madeira, as casas dos avieiros da aldeia de Escaroupim tinham cortinas em vez de portas, e um dos aspetos característicos das mesmas é que os quartos das raparigas eram sempre pintados de cor-de-rosa e o dos rapazes de azul claro. Outro «ritual» da comunidade avieira era pintar o barco e a casa com as mesmas cores. Na outra margem do rio está a aldeia avieira da Palhota. Reza a história que Alves Redol, autor de "Avieiros", obra literária que imortalizou os «ciganos do rio», residiu na aldeia com cerca de 100 anos e que albergou uma vasta comunidade de pescadores.