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Visita Técnica ao Submarino NRP "Arpão"

17 de Outubro de 2014 |


Por iniciativa do Conselho Regional do Colégio de Engenharia Naval da Região Sul da Ordem dos Engenheiros, realizou-se no passado dia 9 de outubro, a segunda visita a um submarino da classe "Tridente”, o "Arpão”, atracado na Base Naval de Lisboa, situada no Alfeite. Tal como na primeira vez, o evento suscitou grande interesse a julgar pela rapidez com que se esgotaram as inscrições e pelas muitas perguntas surgidas durante a apresentação exibida e durante a visita a bordo, momento alto, em que a sofisticação e capacidades operacionais do submarino impressionaram vivamente os visitantes. Trata-se de um submarino do tipo U-209PN, projetado e construído em Kiel nos estaleiros HDW (hoje integrados no grupo TKMS).
A Marinha possui dois submarinos em operação, desenvolvendo várias missões, quer de natureza militar (participação em exercícios internacionais) quer, por exemplo, na colaboração no combate ao narcotráfico, onde a sua discrição e capacidade dos seus dispositivos de deteção (óticos, infra-vermelhos, vídeo, eletromagnéticos e acústicos) lhe permitem atuar sem que as embarcações visadas se apercebam da sua presença. Do ponto de vista militar estes submarinos oferecem uma enorme e importante capacidade de dissuasão, pois a opacidade do mar à radiação eletromagnética e a dificuldade em detetar, acusticamente, plataformas muito silenciosas como os submarinos Tridente, torna quase impossível a uma força inimiga, prever o local e momento do ataque de um destes submarinos, exigindo-lhe meios desproporcionadamente mais numerosos para deles se proteger. Acresce que a sua discrição (capacidade de operar sem revelar a sua presença) é extraordinariamente aumentada pela possibilidade que o sistema de propulsão independente do ar (AIP) lhe oferece de navegar longos períodos em imersão, sem necessidade de efetuar a carga das baterias, alturas em que aumenta a probabilidade de ser detetado pois tem de fazer emergir o mastro de "snort” para poder admitir o ar necessário ao funcionamento dos grupos diesel-alternadores que farão a carga da bateria.
O sistema AIP consiste em utilizar a reação química entre oxigénio e hidrogénio para, aproveitando a energia elétrica libertada, aumentar a autonomia do submarino poupando as baterias, que normalmente alimentam o motor elétrico propulsor. O hidrogénio é, por razões de segurança, armazenado em reservatórios que contêm uma liga metálica à base de alumínio, de aspeto poroso que "absorve” o hidrogénio e o permite armazenar em segurança à temperatura ambiente. O calor libertado pela reação é conduzido através de um circuito de água aos reservatórios, pois o hidrogénio liberta-se da dita liga metálica com o aumento da temperatura. O oxigénio, mais estável e não explosivo, é armazenado na forma líquida. Os dois gases são conduzidos a uma célula combustível (um conjunto de membranas nas quais os gases são postos em contacto libertando energia elétrica, calor e água doce.
Em imersão não existem motores de combustão em funcionamento pois o silêncio é essencial quer para "ouvir” quer para não ser "ouvido”.  E o Tridente é, de facto uma extraordinária plataforma de deteção acústica, possuindo vários sonares em diversas posições do casco, longitudinal e lateralmente. Também no espectro electromagnético tem equipamento que lhe permite intercetar um largo espectro de emissões exteriores. Internamente, o sistema de gestão da plataforma permite a condução automática dos diversos sistemas, embora a ação humana esteja prevista sempre que algum atuador deixe de cumprir a sua função por qualquer anomalia. Mas mesmo com tanto automatismo a vida não é fácil para os 33 homens da guarnição, navegando em regime de bordadas (períodos de descanso alternando com os períodos de trabalho, durante toda a missão, que pode durar várias semanas). Nesse aspeto, para quem conheceu os velhinhos submarinos da classe Albacora, as condições de habitabilidade não melhoraram, antes pelo contrário. Estamos numa plataforma concebida para combate, que deixa poucas condições de espaço ou de tempo, para o lazer.
Os submarinos foram construídos nos estaleiros alemães HDW em Kiel
Muito haveria a partilhar do que se apreendeu nesta visita mas isso daria para encher várias páginas, mesmo resumidas. Resta agradecer à Marinha e em particular, à Esquadrilha de Submarinos, na pessoa do seu Comandante, o Capitão de Mar-e-Guerra Silva Gouveia, a hospitalidade e paciência que nos dispensaram, conforme as melhores tradições da "Briosa”.

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