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Portugal na Europa e no mundo

Portugal é um país pequeno. Pequeno em área. Pequeno em população. Mas é grande em história. Grande na difusão da língua portuguesa. Grande na difusão dos portugueses pelo mundo. Desde 1986 faz parte da Europa. Na Europa é, geograficamente, um país periférico. Com a abertura da Europa aos países de Leste, o seu centro geométrico afastou-se de Portugal. Com todas as consequências menos boas que daí advêm. Se Cabo Verde fizer, um dia, parte da Comunidade Europeia, esse centro geométrico aproximar-se-á de nós. Algumas das nossas personalidades mais clarividentes já viram isso. Mas Portugal é grande no mundo. Conhecido na África, na Ásia e na América. Foi quem primeiro chegou a Africa, ao Brasil, à Índia, à China, à Malásia, ao Ceilão, à Oceânia. Teve relações de amizade privilegiadas com a China. Em Macau. E é com a China que a Europa tem de dialogar. Usando Portugal através de Macau. Usando o Reino Unido através de Hong kong.

Portugal conhece bem os oceanos. É a ponta da Europa metida no Atlântico. E o Atlântico é a auto-estrada que tudo traz do Índico e do Pacífico. De Hong Kong, de Xangai e de Singapura. Que tudo leva para o Índico e para o Pacífico. O futuro dos transportes passa por navios de muito grande tonelagem. Que necessitam de portos de águas profundas. E Portugal tem Sines. A Europa tem Sines. Sines é um porto de águas profundas. A Sines pode chegar, dos outros continentes, o abastecimento da Europa. Que depois será transportado por auto-estrada ou por via férrea. Ou por via marítima, em navios normais, para os outros portos europeus. De Sines podem partir as exportações europeias. Para a América, para a África, para a China, para a Malásia, para a Índia, para a Austrália e para a Oceânia. Sines tem de estar ligado ao centro da Europa. Com uma rede de auto-estradas. Com o TGV. Com carreiras de navegação normal. Com ligações aéreas regulares.

Mas recordemos Fernando Pessoa:

A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
e toldam-lhe românticos cabelos
olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
o direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
este diz Inglaterra onde, afastado,
a mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,
o Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

E é no rosto que está a boca. E é a boca que alimenta o corpo. Alimentemos a Europa, por aqui, através de Sines. Se, na Europa, nos virarmos para o mar, podemos ser maiores como já fomos.

Somos Europa. E somos, na Europa, quem tem Sines. Quem tem a porta aberta para os oceanos. Quem melhor pode dialogar com a China. Podemos ser o centro da Europa. Em vez de país periférico. Com o centro no Porto de Sines. A abastecer a Europa toda. Escala privilegiada nas rotas atlânticas. Para os navios de muito grande tonelagem. Com destino e oriundos do Oriente.

A Europa tem em nós um grande trunfo. É preciso mostrar isso à Europa. É preciso alertar os líderes europeus. É preciso fazer disso uma estratégia de Portugal. É preciso alertar José Sócrates. É preciso alertar Durão Barroso. Será que eles têm consciência desta realidade? Se calhar não.

Celestino Flórido Quaresma
Ordem dos Engenheiros
Presidente do Conselho Directivo da Região Centro

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