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Engenheiros visitam a Herdade do Monte Novo da Fonte Corcho e a primeira unidade do Projeto URSA

02 de Março de 2020 | Geral, Engenharia Agronómica





No passado dia 21 de fevereiro, decorreu uma visita técnica à Herdade do Monte Novo da Fonte Corcho, em Serpa, origem dos azeites premiados "Olival da Risca” e à primeira unidade do Projeto URSA, da EDIA, instalada na Herdade da Abóboda, em Vila Nova de S. Bento. Estas iniciativas foram promovidas pelo Conselho Regional de Colégio de Engenharia Agronómica da Região Sul, em parceria com a Delegação Distrital de Évora.

Os participantes foram recebidos no ponto de encontro, em Serpa, pelo Dr. David Catita da EDIA, coordenador do projeto URSA, que amavelmente se prestou a colaborar com o CRC de Engenharia Agronómica na organização desta visita e que guiou o grupo até ao primeiro destino, a Herdade do Monte Novo da Fonte Corcho/ Risca Grande.
Esta herdade foi adquirida no ano 2000 por 2 famílias suíças - Bernhard e Zehnder – que ali se instalaram com o objetivo de produzir azeites de elevada qualidade, em modo de produção biológico e em total harmonia com o meio ambiente. 
A Risca Grande possui 220 ha, dos quais 170 ha de olival, onde coexistem plantações modernas e totalmente mecanizadas conduzidas em sebe com plantações centenárias, algumas com mais de 800 anos. A exploração, toda ela em modo de produção biodinâmico - com certificação DEMETER desde 2008 - produz ainda citrinos, ervas aromáticas e especiarias, utilizadas no fabrico de azeites especiais (aromatizados) e gado bovino da raça Alentejana em regime de pastoreio livre.
Toda a azeitona produzida na exploração é processada num moderno lagar próprio - construído em 2003 e ampliado em 2013 - igualmente com certificação DEMETER e que obedece aos mais exigentes padrões de qualidade em termos de equipamentos e processos de fabrico.
Os azeites obtidos das diversas categorias – Frutado; Maduro - são de qualidade Virgem Extra e alguns dos quais de tipo especial – aromatizados - com as frutas e/ou especiarias produzidas na exploração ou os provenientes de oliveiras centenárias colhidas de forma tradicional. 
Estes azeites têm vindo consistentemente a ser distinguidos desde 2008 a nível internacional com prémios de excelência, designadamente:
- Flos Olei 2018 Marco Oreggia, Reserva da Família, 97 em 100 pontos possíveis; 
- Flos Olei 2011 Marco Oreggia "The Best Extra Virgin Olive Oil from Organic Farming”, 90 em 100 pontos possíveis.
Os participantes tiveram oportunidade de degustar os diferentes tipos de azeite numa prova realizada no início da vista ao lagar, além de esclarecer diversas questões sobre os produtos e processos de fabrico com os anfitriões Alfred Zehnder e Samuel Bernhard. 
As regras impostas pelo sistema de certificação DEMETER impõem severas restrições ao uso de produtos químicos de síntese na produção agrícola, designadamente de fertilizantes e pesticidas, razão pela qual a exploração tem em execução um programa de compostagem de subprodutos da atividade agrícola e pecuária – folhas e restos de poda de oliveira, bagaço de azeitona, palhas e estrumes – a par de um controlo mecânico das infestantes  realizado periodicamente com recurso a equipamentos suaves de mobilização superficial do solo. O composto assim obtido é totalmente utilizado na fertilização das culturas da exploração agrícola eliminando o recurso a ingredientes externos ou artificiais.
O grupo observou ainda os equipamentos utilizados na operação agrícola e de se deslocar ao local da compostagem, observando as diferentes fases e ingredientes do processo.
Esta visita revelou-se de grande interesse e proporcionou um contacto direto com as melhores práticas agrícolas amigas do ambiente compatibilizadas com produtos de excelência como os azeites "Olival da Risca”.

À tarde, depois de um reconfortante almoço, os participantes foram novamente guiados pelo Dr. David Catita para a Herdade da Abóboda, em Vila Nova de S. Bento, para observar a primeira unidade instalada do projeto URSA.
O projeto URSA - Unidades de Recirculação de Subprodutos de Alqueva, é um projeto desenvolvido pela EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, em parceria com o ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade, que pretende contribuir para o aumento do reduzido teor de matéria orgânica (MO) do solo nas áreas de regadio do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA).
O incremento da MO do solo pode ser realizado de várias formas, entre as quais se destaca a incorporação de composto, a mais compatível com a moderna agricultura de regadio, produzindo resultados mensuráveis de forma relativamente rápida e sobretudo sustentada no tempo.
O projeto URSA consiste numa rede de unidades de produção de composto, a baixo custo, no território do EFMA que, ao promover a entrega dos subprodutos pelos agricultores/produtores nestas unidades, visa criar uma bolsa de permuta destes subprodutos por composto, o qual será aplicado posteriormente nas respectivas explorações agrícolas, melhorando generalizadamente a fertilidade do solo na zona do EFMA.
De forma sumária, os objetivos globais do projeto URSA visam contribuir para:
- Reabilitação do solo como suporte agrícola de qualidade e como barreira filtrante;
- Aumento da rentabilidade agrícola e do desempenho ambiental do regadio;
- Menor vulnerabilidade à erosão e maior resiliência à desertificação;
- Destino ambientalmente adequado para os subprodutos produzidos na zona do EFMA;
- Melhoria da qualidade da água e da sustentabilidade do EFMA;
- Regeneração da vida do solo, potenciadora da sanidade vegetal e da redução do consumo de adubos minerais.
Após uma breve exposição em sala do projeto URSA, a cargo do Dr. David Catita, os participantes tiveram oportunidade para se deslocar aos vários locais onde decorrem as diferentes fases do processo de compostagem, incluindo os equipamentos utilizados. 
O grupo pôde ainda examinar o produto final (composto) do qual verificou a boa apresentação e o reduzido odor, fruto do processo natural de transformação dos subprodutos agrícolas e pecuários utilizados pela técnica da compostagem, sem recurso a qualquer ingrediente sintético ou artificial.

Depois das últimas questões gentilmente respondidas pelo Dr. David Catita, findou uma jornada muito instrutiva que proporcionou o contacto direto e aprofundado com práticas agrícolas sustentáveis e a aquisição de uma consciência ambiental em sectores tecnologicamente avançados na zona do EFMAlqueva, um pouco contra a corrente da opinião publicada sobre estes assuntos.

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