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Ciclo de Conferências sobre o Litoral português

A Engenharia Costeira Portuguesa e a Defesa do Litoral. A Experiência Acumulada e os Desafios do Futuro

23 de Maio de 2014 | Geral, Especializações


A Ordem dos Engenheiros (OE) iniciou no dia 30 de abril, em Lisboa, um ciclo de conferências dedicado ao tema geral "A Engenharia Costeira Portuguesa e a Defesa do Litoral. A Experiência Acumulada e os Desafios do Futuro", sendo seu objetivo envolver engenheiros pertencentes a instituições de ensino e investigação e a empresas de projeto e construção, assim como representantes de Instituições públicas com responsabilidade política sobre o litoral.

A primeira sessão foi dinamizada no sentido de fazer o ponto da situação sobre esta temática  e refletir sobre a experiência acumulada nas soluções de defesa costeira, em relação à origem do problema, ao conhecimento de base existente, ao tipo de intervenções, os sucessos, bem como as insuficiências e insucessos.

Ao Coordenador da Especialização em Hidráulica e Recursos Hídricos da OE, Eng. Francisco Taveira Pinto, competiu fazer o enquadramento do fenómeno da erosão costeira (causas, impactos e situação geral na Europa), com particular relevância para a escassez das fontes sedimentares, tendo referido os conhecimentos da Engenharia sobre este fenómeno e indicado os vários tipos de soluções técnicas existentes.

O Eng. Nunes Correia, Professor no IST, apresentou uma resenha histórica do que foram as principais medidas de ordenamento e gestão implementadas no passado recente, em particular os Planos de Ordenamento da Orla Costeira, o Programa Acção para o Litoral ou Programa Polis, indicando as suas principais virtudes e de que forma alteraram o panorama passado em relação às zonas costeiras, tendo reforçado tratar-se de um esforço que, considerando os efeitos que produziu, merece ser continuado.

O Eng. José Luís Pinho, da Universidade do Minho, salientou a importância da gestão dos sedimentos nas bacias hidrográficas durante a ocorrência de cheias, a necessidade de melhorar o desempenho das obras de defesa, de aproveitar o potencial do transporte eólico e de implementar sistemas de transposição de sedimentos em embocaduras sujeitas a dragagens.
As causas da erosão costeira e possíveis medidas de mitigação, nomeadamente através da redução dos efeitos da intervenção humana, da alimentação artificial com areias, da construção de estruturas de defesa costeira e da redução do grau de exposição foram o objeto de intervenção do Eng. Carlos Coelho, da Universidade de Aveiro, que alertou para os custos permanentes que a erosão costeira representa para o país e para os constrangimentos a que as decisões políticas estão sujeitas, o que exige a necessidade de melhorar a capacidade de previsão e projeção de cenários, para suporte fundamentado das decisões e redução de custos numa perspetiva a longo prazo.

O Eng. Veloso Gomes, da FEUP, concentrou-se nas questões relacionadas com a vulnerabilidade costeira, tendo enfatizado a importância do contributo da Engenharia em relação à investigação, ao projeto, à monitorização, à reabilitação, ao ordenamento e à gestão das zonas costeiras, bem como a necessidade de compreender e prever a dinâmica costeira e as intervenções efetuadas. Foram indicados aspetos críticos resultantes da ocupação humana, dos modelos de expansão urbana e das obras associadas, que apesar de vitais têm limitações funcionais e impactos, necessitando de manutenção e requalificação.

O Eng. Carlos Abecasis, da Consulmar, apresentou uma resenha histórica em relação à intervenção da Engenharia na proteção costeira em Portugal, em termos de planeamento e obras de defesa. O interveniente defendeu a necessidade de definir uma "estratégia” de atuação na costa, protegendo os locais mais críticos; a necessidade de monitorizar a zona costeira; e que as competências da Engenharia poderão não estar a ser aproveitadas como elemento fundamental da definição de estratégias para atuação na costa.

O Eng. Francisco Sancho, do LNEC, concentrou-se, fundamentalmente, na importância da investigação científica nesta área, tendo apresentado um conjunto de projetos e estudos realizados ou em curso no LNEC, que podem apoiar a engenharia costeira.

No encerramento da sessão, o Bastonário da Ordem, Eng. Carlos Matias Ramos, criticou a inexistência de uma visão estratégica sobre a problemática da proteção da orla costeira, ignorando o conhecimento existente que, pelo menos desde os anos 60, foi reconhecido nacional e internacionalmente. De acordo com o responsável, têm sido feitas muitas intervenções casuísticas e curativas de situações que ocorrem, não correspondendo, portanto, a soluções adequadas e devidamente planeadas, integradoras do muito conhecimento técnico disponível em Portugal, e que são, não só ineficazes, como economicamente prejudiciais para o País. "A Engenharia portuguesa, na área costeira, está devidamente apetrechada e tem competências de alto nível, que lhe têm valido o reconhecimento internacional, sendo chamada a intervir em várias regiões do globo para a resolução de problemas complexos, estando, portanto, apta a intervir no estudo das melhores soluções e na sua aplicação à costa portuguesa”, rematou.

Para 4 de junho está marcada a segunda conferência, dedicada à apresentação de soluções para a mitigação dos problemas na Costa Litoral Portuguesa. O Ciclo de Conferências será encerrado com uma terceira sessão, com data ainda em fase de estabilização, que atenderá ao posicionamento internacional da Engenharia Portuguesa e ao trabalho efetuado no exterior nesta área de intervenção, bem como às soluções adotadas internamente por outros países.

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