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Confinados ao frio. Afinal, por que são tão frias as casas portuguesas?

Entrevista ao Bastonário Carlos Mineiro Aires, publicada na edição online do Expresso, 18 de janeiro de 2021

19 de Janeiro de 2021 | Geral, Engenharia Civil



Há questões culturais, históricas e sociais para se passar tanto frio no inverno em Portugal. Estar confortável em casa ainda é um luxo.


O primeiro fim de semana com novas medidas de confinamento foi marcado por imagens. A maioria veio da rua: imagens de gente em fila para votar antecipadamente nas eleições presidenciais, imagens de grupos a descumprir o dever de recolhimento. Carlos Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros, viu todas essas imagens, mas viu também outras, que vieram de dentro de casa. 


"Fotografias de um casal em casa enrolado em cobertores e com um aquecedor à frente. É confrangedor”, confessa. O Expresso contou algumas dessas histórias, de quem nem em casa consegue fugir do frio. Como muitas outras, são histórias de desigualdade e de pobreza. "Com os salários que há em Portugal, as pessoas só podem ter casas dessas”, onde se passa frio, explica o bastonário. Mas o dinheiro não é a única variável em falta. Então afinal, por que se passa tanto frio em casa em Portugal? 


Há uma resposta cultural e outra histórica. "A maior falácia é a de que temos um clima ameno”, frisa Carlos Aires. "É vulgar, no Alentejo, um local com 45ºC no verão atingir -4 no inverno. É uma amplitude de quase 50 graus.” Nada disto é novidade, nem pode ser atribuído às alterações climáticas. "Sempre foi assim, e depois, de cada vez que vem uma vaga de frio, gritamos 'ai, ai, ai'”. 


A ideia culturalmente aceite fez nascer prédios e moradias onde o conforto térmico, no verão ou no inverno, nunca foi prioritário. Nos anos de 1950, lembra Carlos Aires, como no boom da construção entre as décadas de 70 e 80, "havia no mercado práticas e materiais inadequados”. As janelas de alumínio, o vidro simples, os telhados com fugas — "a telha vã, como lhe chamamos” — deram origem a um parque habitacional hoje "envelhecido”, e em grande parte "com humidades interiores”, feito de construções "mal orientadas”, que, outra vez o clima, não aproveitam o sol que aquece o país durante mais de metade do ano. "Há casas que nunca apanham sol, o que no verão pode ser muito bom, mas no inverno é um martírio” transformado em humidade e bolor.


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