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O futuro da indústria da construção

23 de Agosto de 2019 | Geral




In Jornal Económico, 23.08.2019, disponível em »»»

"A História, a Cultura e o Património são valores coletivos que marcam a identidade dos países e que, cada vez mais, constituem valores de partilha e de atratividade.

Durante décadas assistimos ao abandono das zonas históricas das cidades, ao envelhecimento da sua ocupação e à sua degradação, pois os ativos não tinham condições para garantir retornos que permitissem reinvestir na sua manutenção e preservação. O Estado, na mesma linha, também abandonou a manutenção de muitos dos seus ativos.

De há uns anos a esta parte, a visão do potencial de valorização do património reabilitado veio originar uma mudança de atitude, que foi motivadora da atração de investimentos para novas atividades lucrativas e, ao regenerar, também beneficiou as zonas mais degradadas das cidades, embora com impactos sociais não despiciendos.

Por esta razão, a reabilitação urbana assumiu-se como o grande motor da ressurreição da atividade da indústria da construção civil e das prestações de serviços conexos, numa altura em que o investimento público sofreu, e ainda sofre, um forte retrocesso.

O lançamento apressado dos concursos apanhou as poucas empresas que ainda restam totalmente desestruturadas, o que só beneficia a concorrência estrangeira, atitude que requer outra visão para a próxima década.

Deste modo, o planeamento dos concursos públicos e os critérios de licitação e adjudicação das obras públicas pouco ajudarão os interesses das empresas nacionais.

Necessitamos, pois, de um planeamento devidamente calendarizado e credível.

A par, defender que as adjudicações se devem pautar pelos preços mais baixos e sem critérios de seleção dos melhores é apostar na continuação da destruição do pouco que ainda resta da Engenharia nacional e fomentar a prática de salários baixos, a começar pelos dos engenheiros, e a falta de atratividade para as profissões da indústria da construção civil.

O setor debate-se com graves carências de mão de obra, à semelhança do que sucede em outras atividades, e ainda não recuperou do contraciclo de 10 anos que levou ao encerramento de 60.000 empresas e à perda de mais de 300.000 postos de trabalho. O ano de 2018 foi um ano de consolidação da recuperação da atividade das empresas da fileira da construção e imobiliário, tendência que tem sido seguida em 2019. O investimento em manutenção das infraestruturas e dos equipamentos é outro aspeto que não pode ser descurado. 

Temos, assim, um cenário de curto prazo em que o investimento privado deverá continuar a crescer e em que o investimento público previsto até 2030 tem condições para poder criar algum alento, desde que as margens das empresas e demais interventores sejam salvaguardadas e permitam gerar riqueza. Perante a escassez de recursos financeiros, deverão ser impostas metas e prioridades, interiorizadas em pactos de regime politicamente duradouros. E já agora, também recomendamos que seja escutada a opinião de quem sabe."

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