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Ordem dos Engenheiros alerta para publicidade enganosa a alimentos e desrespeito para com profissionais de Química

22 de Março de 2024 | Geral





A Ordem dos Engenheiros (OE), em particular a Coordenação de Engenharia Alimentar da OE, tem vindo a assistir, nos últimos tempos, a um aumento da publicidade enganosa a alimentos. Essa publicidade, muitas vezes baseada em má informação, induz o consumidor em erro e em comportamentos alimentares pouco saudáveis.

Um dos exemplos mais frequentes é a demonização da química, como se fosse sinónimo de veneno. É importante esclarecer que "químicos" são profissionais que trabalham em Química e que a química está presente em tudo o que nos rodeia, incluindo nos alimentos que consumimos. Uma simples maçã, como escreveu Nuno Maulide (Químico português e professor de química orgânica da Universidade de Viena), é um conjunto de compostos químicos, desde água, até compostos como ésteres, aldeídos e álcoois, e tudo com muito açúcar. Tudo é química. Compostos naturais ou compostos de síntese. 

Outro exemplo de desinformação é a referência aos aditivos alimentares, muitas vezes associada à letra "E". É importante lembrar que a letra "E", seguida de um número, representa um aditivo alimentar específico, que pode ser natural ou sintético, e que tem uma função específica no alimento. Os "E" podem estar associados a aditivos bem diferentes, desde um espessante como a pectina (E 440), naturalmente presente em frutos e vegetais, um antioxidante como o ácido ascórbico (E 300), vulgarmente conhecido por Vitamina C, ou um conservante como o ácido benzoico (E 210). 
A indústria procura produzir os alimentos com o mínimo de aditivos, no entanto, há casos em que estes se tornam tecnologicamente indispensáveis. Veja-se o exemplo do sumo de maçã. Quando o fazemos em nossas casas, adicionamos sumo de limão para que o sumo de maçã não escureça de imediato. Na indústria, adiciona-se uma dosagem controlada de ácido ascórbico, que é a mesma molécula presente no sumo de limão, atuando como antioxidante.

Não raramente, a publicidade alude a alimentos ultra processados, confundindo processamento com adições excessivas de determinados ingredientes como açúcar ou sal. É importante realçar que o processamento é, por vezes, necessário para ajustar as matérias-primas às características sensoriais desejáveis ou para eliminar/reduzir elementos anti-nutricionais naturalmente presentes. No entanto, o consumo excessivo de alimentos ultra processados pode ter efeitos negativos na saúde.

A publicidade sobre alimentos é uma ferramenta de comunicação essencial para as empresas e para o consumidor. Na perspectiva do consumidor, a publicidade desempenha um papel importante de informação e uma inspiração para a compra e o consumo. No entanto, dado o poder da publicidade, é fundamental que esta seja feita com ética e responsabilidade. As mensagens publicitárias devem ser precisas, transparentes e em conformidade com a regulamentação em vigor.

Em suma, o consumidor deve ser informado, quer por um rótulo claro, quer através de publicidade pedagogicamente correta. A publicidade deve sempre ser clara, verdadeira e não alarmista.


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