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Visita à abertura das Talhas na Amareleja

25 de Novembro de 2015 |


No passado dia 15 de novembro o Conselho Regional Sul do Colégio de Engenharia Agronómica realizou uma visita técnica à margem esquerda do Guadiana com o intuito de ver as vinhas arcaicas das imediações da Amareleja, entender a paisagem rural de uma das mais carismáticas regiões do Alentejo e assistir à abertura das talhas numa adega tradicional. Serviu de guia Virgílio Loureiro, que durante a viagem de autocarro fez uma introdução histórica sobre o vinho de talha, cuja produção se iniciou nas villae romanas do sul do país há cerca de dois mil anos. Foram apresentados argumentos que explicam a razão por que, ainda hoje, o vinho preferido das populações rurais continua a ser o branco, que as elites romanas produziam, consumiam e exportavam para Itália. A visita às vinhas arcaicas, que segundo o guia constituem uma paisagem muito parecida com a  existente na época romana, foi motivo para uma agradável conversa com todos os participantes, muitos dos quais reconheceram o seu valor patrimonial e a necessidade de as manter para as gerações futuras. Estão em vias de extinção,  muito pelos incentivos específicos  para a modernização da viticultura portuguesa e, também, pela dificuldade em saber distinguir entre vinhas velhas, que importa renovar, e vinhas antigas, que constituem um património cultural a ser preservado. Seguidamente, todos os convivas visitaram uma taberna tradicional da Amareleja, com mais de 150 anos, onde se produz o vinho de talha que é servido aos clientes e são mantidos hábitos de consumo e de convivialidade antigos, que resistem estoicamente aos efeitos da globalização, mas cujo futuro só será risonho se for desenvolvido um Enoturismo cultural que aposte na identidade alentejana. O momento alto da visita aconteceu na Adega Piteira, também na Amareleja, onde todos os convivas assistiram à abertura das talhas, com o vinho a ser clarificado por um filtro natural formado por caules esponjosos de uma planta aquática, a junça. Foi ainda descrito o processo ancestral de vinificação e salientadas as pequenas diferenças que existem para o processo romano original. A refeição que se seguiu respeitou, na íntegra, a tradição do local, tendo sido servido um caldo de bacalhau com queijo de cabra e ovos escalfados, acompanhado por vinho branco de talha da casta Roupeiro, e um ensopado de borrego acompanhado por vinho tinto de talha da casta Moreto, cujas uvas com que foi feito vieram das vinhas arcaicas visitadas, onde as videiras não são enxertadas, exatamente como os romanos faziam há dois mil anos atrás. Após as célebres sobremesas alentejanas, foi projetado um filme sobre o vinho de talha, produzido por Virgílio Loureiro e realizado por Francisco Pimenta. No final foi tempo de rumar a Lisboa, com a certeza de se ter alimentado o corpo e o espírito, num dia de franco convívio e muito bem passado.

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