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Visita Técnica à Central Termoelétrica de Setúbal e Estação de Propagação de Plantas Autóctones - EPPA

23 de Novembro de 2012 | Engenharia do Ambiente


Com o intuito de promover, junto dos seus Membros e demais técnicos, o conhecimento e o contato com Empreendimentos Ambientais Notáveis, o Conselho Regional Sul do Colégio de Engenharia do Ambiente da Ordem dos Engenheiros realizou uma visita técnica à Central Termoelétrica de Setúbal (CTS) e Estação de Propagação de Plantas Autóctones, onde participaram cerca de 25 engenheiros, dando-lhes oportunidade de conhecer em detalhe estas infraestruturas.

 

A visita à unidade fabril, localizada na península da Mitrena, em Setúbal, decorreu no passado dia 16 de novembro, tendo-se iniciado com uma apresentação em sala, pelo Eng. Rodrigues Pereira, Diretor da Central Termoelétrica de Setúbal (CTS) que deu as boas vindas ao grupo, seguindo-se uma exposição sobre o Grupo EDP, a EDP Produção e a CTS, pelo Eng. Rodrigues e Silva, responsável pelo Apoio de Gestão. Completaram a apresentação, em sala, a Eng. Fátima Rodrigues e o Eng. David Loureiro, investigadores do LNEG, responsáveis pela coordenação técnico-científica do projeto "Valorização de efluente térmico da Central Termoelétrica de Setúbal em Agricultura Protegida – Produção de plantas de espécies autóctones – II Fase” que deu origem à Estação de Propagação de Plantas Autóctones (EPPA), que a apresentaram em detalhe. A Coordenação geral deste projeto, assim como o seu financiamento é da responsabilidade da EDP – Gestão da Produção de Energia.

 

Seguiu-se uma visita às instalações da Central Térmica, guiada pelo Eng. Alfredo Valério, onde foi trocada informação com os presentes acerca do funcionamento da Central que se encontra em fim de vida.

 

Após a visita ao interior da Central Térmica, foi iniciada a visita à Estação de Propagação de Plantas Autóctones, acompanhada pelos técnicos do LNEG, Eng. Fátima Rodrigues e Eng. David Loureiro.

 

Trata-se do desenvolvimento de uma tecnologia ambiental que combina a eficiência energética em agricultura protegida versus conservação do património genético através do uso de recursos energéticos alternativos à queima de combustíveis fósseis.

 

Resulta da extensão da fase I do Projeto (1998 a 2005) que teve como principais objetivos a valorização do efluente térmico industrial (ETI) da CTS, no condicionamento ambiental de estufas, para a obtenção de plantas autóctones do Parque Natural da Arrábida que foram utilizadas na recuperação de habitats degradados, essencialmente de pedreiras. Produziram-se cerca de 80 000 plantas (com idade média de 2/3 anos), distribuídas principalmente por 10 espécies, de entre as quais se destacam, o Arbutus unedo L., o Juniperus turbinata Guss., o Quercus faginea Lam., o Quercus coccifera L. e a Myrtus communis L.. Como a produção ultrapassou as capacidades reais de plantação nesses habitats, as plantas foram também introduzidas em outros planos de recuperação de habitats dominados pelo mesmo tipo de vegetação. Assim foram contempladas, entre outras, as solicitações dos Parques Naturais de Sintra-Cascais e da Serra da Estrela, da Tapada de Mafra, da CCDR do Alentejo e da Reserva Natural da Arriba Fóssil da Costa da Caparica.

 

A fase II do Projeto (2008-2012), além da valorização do ETI da CTS e respetiva monitorização dos parâmetros microclimáticos do Parque de Estufas, tem como principal objetivo contribuir para a dinamização de ações de apoio à Conservação da Natureza e da Biodiversidade focadas, primordialmente e tanto quanto possível, na reposição dos habitats naturais nas áreas abrangidas pelos projetos de expansão da vertente hidroelétrica do Grupo EDP e que incluem reforços de potência e novos aproveitamentos, nomeadamente, Picote II, Bemposta II, Alqueva II, Baixo Sabor, Foz Tua, Ribeiradio – Ermida, Salamonde II e Venda Nova III, Fridão e Alto Ceira, assim como nas áreas protegidas nacionais. Produziram-se cerca de 100 000 plantas autóctones, a maioria integrando a lista de espécies de habitats protegidos definidos no DL 140/99 de 24/04.

 

As sementes são provenientes dos habitats de localização das barragens atrás mencionadas e das áreas protegidas da Serra da Arrábida, da Serra de Sintra e da Serra da Estrela.

 

A EPPA ocupa cerca de 5000 m2 dos quais 1000 m2 integram 7 estufas e 1 abrigo de aclimatação que, no conjunto, funcionam como unidades experimentais de produção. Possuem um sistema de condicionamento ambiental por elementos ativos de aquecimento de solo e ar e/ou por elementos passivos de conservação de energia.

 

Estes sistemas, aliados à utilização de técnicas específicas de propagação por semente, de plantas autóctones (tipo e tamanho do alvéolo versus tempo de produção), formam uma estratégia que proporciona condições especialmente ajustadas à sua produção. Existe ainda uma zona de ar livre que permite o seu endurecimento, antes da colocação em local definitivo. Os sistemas de controlo de aquecimento, ventilação, sombreamento e rega estão automatizados, permitindo manter distintos ambientes microclimáticos de acordo com os habitats de referência e as fases principais de propagação, ao longo de 24 a 48 meses: germinação, crescimento, aclimatação e endurecimento.

 

Para acompanhamento diário do regime de produção das plantas, as unidades experimentais encontram-se monitorizadas, em tempo real, por um sistema de aquisição de dados, constituído por um posto microclimatológico e uma rede de sensores por forma a seguir 55 parâmetros físicos cujos principais são: a temperatura e a humidade relativa do ar, a temperatura do solo, a irradiação solar, a radiação térmica, o caudal de ETI e o balanço energético. A simultaneidade de monitorização no posto microclimatológico, nas estufas e abrigo, permite uma análise comparativa das condições de condicionamento ambiental para utilização em estudos de modelação e dimensionamento.

 

Após a interessante visita de cerca de 4 horas, o grupo de participantes agradeceu a gentileza da visita realizada à representante do Grupo EDP, Eng. Luísa André e aos elementos quer da Central Térmica quer da Estação de Propagação de Plantas Autóctones às suas instalações de Setúbal.

 

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