A Engenharia Civil e de Geologia e Minas, na sua especialização Geotécnica, deparam-se com novos desafios no contexto das prioridades atuais do País, sendo a valorização do Património Construído uma dessas prioridades. As muitas jóias patrimoniais de Portugal, com quase oito séculos e meio de história unificada, representam a riqueza deixada pelas múltiplas passagens e permanências de inúmeros povos que, na ânsia de dominar e inculturar, deixaram sinais materiais ímpares. Para esse património contribuiu, igualmente, o nosso próprio povo, que ia e voltava de outras paragens, com a riqueza que tal movimento acarreta.

O estado a que muitos dos nossos edifícios, estruturas e infraestruturas chegaram é preocupante, mas a sua importância para a criação de riqueza para Portugal, associada ao potencial turístico que têm, obriga a encarar a sua conservação e reabilitação como eminente e inadiável. Em muitos casos, esta intervenção é de cariz estrutural, sendo a Engenharia Geotécnica, ao mais competente nível da sua especialização, chamada a intervenções exigentes.

A Engenharia Geotécnica portuguesa, em particular a Engenharia de fundações especiais, desenvolveu, nas últimas décadas, capacidades técnicas ao mais alto nível internacional, com um cariz fortemente inovador, criando conceitos de intervenção, caracterizados pela versatilidade e singularidade das soluções que integram, em pleno respeito pela preservação da forma arquitetónica, por um lado, e a estabilidade estrutural e funcionalidade, por outro. A Engenharia usa, nesta área, "com respeito", as suas "ferramentas e técnicas" em "objetos" delicados, para que o que se faça com boas intenções, não se faça erradamente.

Na perspetiva de proceder a uma divulgação dessas soluções e difundir junto dos decisores e investidores a capacidade da nossa Engenharia Geotécnica, a Comissão Executiva da Especialização em Geotecnia organizou, em Lisboa, na Sede da Ordem dos Engenheiros, um ciclo de tertúlias sobre "Engenharia Geotécnica na Reabilitação do Património Construído", que decorreu em quatro sessões, entre 2012 e 2013. Nelas participaram especialistas com obra feita nesta área, e que trataram tópicos relacionados com reforço e estabilização de barragens, edifícios, plataformas ferroviárias, pontes, portos e muros-cais, túneis, entre outros universos de intervenção.

Foi prometido, pela Comissão Executiva da Especialização, a organização de novas sessões sobre o tema, com apresentação de casos novos, o que agora se cumpre neste Seminário que decorrereu no Auditório da FEUP.